terça-feira, 14 de maio de 2013


DITADURA GAY: O contrassenso do discurso daqueles que querem impor a heteronormatividade. 


O CNJ, ao qual parabenizo pela acertada decisão, exige que os cartórios cumpram o recomendado pelo STF, sendo, deste modo, obrigados a realizar casamento civil homossexual, bem como realizar a conversão de união estável em casamento. Ora, inexiste Lei vigente que PROIBA que o casamento homo seja realizado, de modo que aqueles que assim o desejam, tem o direito de se casarem e os cartórios tem o DEVER de fazer com que este direito possa ser exercido.

Só que, ao que parece, as pessoas começam a enxergar esse posicionamento como um ato de "imposição gay" ou "ditadura gay". Cheguei a ler por aí: "não demora as relações homoafetivas serão obrigatórias". De onde vem tanto absurdo?! Note que em nenhum momento existe uma postura contra legem do CNJ, de modo parecer que este está a agir arbitrariamente e obrigando alguém a ter algum posicionamento favorável ou contrário a algo. Não se trata de ser a favor ou contra as relações homoafetivas. Trata-se, fria e puramente da aplicabilidade de um direito que é constitucional e deve ser respeitado não só pelos cartórios, mas também pela população.

Os muitos comentários parecidos com o que citei acima são feitos, muitas vezes, por pessoas alheias ao estudo do direito, mas com total acesso a informação e ao compartilhamento da desinformação também, o que é preocupante. Essas pessoas não são a favor de direitos iguais aos que pensam e tem opção sexual diferente daquela à qual escolheram e mascaram isso sob a ótica de um medo de estarem enfrentando, calados e sofrendo, a ditadura gay que vem assolando o Brasil. (Espero que o leitor note a minha ironia na ultima frase). 

Note que esse discurso é uma falácia. Não se viu e não se vê, vindo das recentes decisões e posicionamentos, nenhuma forma de pressionar que alguém tenha que apoiar, e ser a favor do relacionamento homoafetivo. O que esses recentes movimentos querem é que os homossexuais e suas relações interpessoais sejam aceitas, não por serem normais ou anormais (o que não se discute aqui pois não é o foco do texto), mas sim por SER DIREITO DE TODOS SER LIVRE PARA MANIFESTAR SUA OPÇÃO SEXUAL. O casamento igualitário não é um passo a ditadura gay e sim o inicio de uma caminhada para longe das amarras do preconceito mascaradas por um falso conservacionismo.

Vivemos em um Estado laico, livre. Lutamos por direitos iguais? Que sejam então, de fato, iguais. 

maio, 15, 2013. Ahígia Eleotério Arcanjo Gomes.